Jubileu (amor em qualquer idade)

Abril 5th, 2008

Tal como muitas outras políticas, de âmbito social, a política de apoio aos idosos, no nosso País, é quase inexistente, se a entendermos numa perspectiva humanista e solidária. A sua subordinação aos ditames cada vez mais mercantilistas são chocantes.

Resolvi escrever este texto, sobre esta problemática, a partir do pretexto que me foi sugerido pela audição do “FÓRUM” de 6ª. feira, 4 de Abril, da TSF (um programa notável, como espaço de liberdade e de participação dos cidadãos), onde não consegui intervir, mas onde, passe a imodéstia, tenho algo a dizer.

Em primeiro lugar é preciso dizer que que a desatenção das políticas governamentais (deste como dos governos anteriores) para com os idosos, sobretudo os mais humildes, contraria o espírito e a letra da Constituição da República, tanto mais que o argumento da falta de meios financeiros do Estado, face a gastos sumptuários (exemplos: Novo Aeroporto, TGV, salários milionários obscenos a gestores públicos, etc., etc.) não colhe.

Face à quase demissão do Estado os Lares de internamento de idosos, não passando na maioria dos casos de DEPÓSITOS DE IDOSOS (para não utilizar a expressão mais chocante de “VELHOS”), são um chorudo negócio para especuladores, de um modo geral.Seria perfeitamente possível e viável economicamente implantar, na prática, um novo conceito de internamento de idosos, que são as chamadas residências assistidas.Nestas os idosos podem ter o seu próprio espaço, onde se procura ao máximo preservar a sua privacidade, quando o desejarem e terem, simultaneamente, outras condições de boa assistência e dignidade. Conheço, no concreto, um espaço que é privado e que, consequentemente, visa e obtém lucro, onde este desiderato é atingido, a preços idênticos aos praticados pela generalidade dos tais lares, que, na verdade, não passam de depósitos de idosos, sem um mínimo de condições. E isto que vos digo não é demagogia, senão vejamos:

Os preços na maior parte dos lares que abrigam os idosos, da classe média, orçam entre 800 e mais de 1000 Euros mensais (sem incluir medicamentos, fraldas, etc.). Ora uma grande parte dos portugueses não chega a ter este rendimento e vive numa casa e paga a alimentação; numa palavra faz a sua vida. Em contrapartida nestes ditos lares os idosos limitam-se a um pequeno quarto que, na generalidade dos casos, é partilhado com outro idoso. A alimentação, na maioria, também, destes estabelecimentos é de má qualidade (infelizmente sei do que falo, pois, há poucos anos tive a minha mãe nestas condições, por alguns dias e tudo fiz para a tirar daquele sítio deplorável, embora perdendo uma espécie de caução, uma exigência por demais abusiva). Por outro lado é preciso não esquecer que o Estado, em determinadas situações (idosos mais humildes), subsidia os internamentos. Ora, com um pouco mais de dispêndio público, seria, certamente, possível optimizar políticas que facultassem uma maior dignidade no internamento de idosos. Tal só não acontece porque o Estado Português é cúmplice com este negócio obsceno, sendo incapaz de regular este mercado, obrigando-o a um lucro justo e punindo o especulativo; ou , em alternativa, tomar ele próprio a iniciativa de construir estabelecimentos, desta natureza, sem fins lucrativos.

Mas os “lares” são apenas um aspecto da política do Estado para com a velhice. A manutenção de reformas de miséria, a enorme falta de apoio na doença, são, também, um escândalo injustificàvel, onde a desculpa da falta de meios financeiros, também não colhe. A profunda desumanidade destas políticas e destes políticos, ditos “socialistas” ou “sociais democratas” ofendem a generosidade da REVOLUÇÂO DE ABRIL e dos seus princípios humanistas. Com estes “cavalheiros” ser velho e pobre é um tremendo castigo !…

F. ROCHA

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